"Estudar é salvaguardar o futuro"

2008-02-25

Veríssimo

Veríssimo é licenciado em Ciências do Desporto. O futebolista do Fátima incentiva todos os jogadores que interromperam os estudos a inscreverem-se no Programa Novas Oportunidades.

É licenciado em Ciências do Deporto, pela Faculdade de Motricidade Humana. O que é que o levou a frequentar e concluir um curso superior?
Concorri a esse curso com 19 anos. Tinha consciência de que o facto de ser profissional de futebol não significava de que iria ter vida boa a nível financeiro e de que, de um momento para outro, poderia acontecer uma lesão que me impedisse de continuar a jogar. O curso seria sempre uma salvaguarda se algo corresse mal na minha carreira profissional.

Não é uma visão muito comum entre a maioria dos jogadores.
Há 10 anos não havia muitos jogadores a estudar mas felizmente as mentalidades têm vindo a mudar e é cada vez mais usual vermos jogadores a investirem nos estudos e a procurarem uma via alternativa caso a carreira de futebolista não corra bem.

Os dirigentes, técnicos e colegas dos clubes por onde passou incentivaram-no a concluir o curso?
Ao longo dos anos que frequentei o curso não me posso queixar de falta de apoio. Nos clubes por onde passei sempre me facilitaram a vida para realizar os exames e na faculdade os próprios professores marcavam os exames para alturas em que poderia realizá-los.

Pretende um dia usar o canudo?
Tenho o objectivo de a curto/médio prazo dar aulas. Mas também sei que o mercado da docência não está fácil e que há muitos professores no desemprego.

Pensa que o Programa Novas Oportunidades é uma boa medida para os jogadores que interromperam os estudos?
É uma oportunidade única e que todos os interessados devem aproveitar. Tenho colegas no Fátima que já se inscreveram no Programa.

Os ex-jogadores devem ocupar lugares de destaque no dirigismo desportivo?
Penso que sim. Até há alguns anos havia a ideia de que a única saída para os ex-jogadores seria a carreira de treinador. Discordo até porque nem todos, apesar de terem sido jogadores, têm capacidades ou motivação para serem treinadores. Como tal, a alternativa é enveredarem pela carreira de dirigente. Há jogadores que têm o perfil para desempenharem essa função.

Como é que tem visto a actuação do SJPF?
Acima de tudo uma actuação bastante activa. Os problemas surgem e o Sindicato intervém, não deixa que os assuntos morram. Tem sido uma entidade alerta em todas as situações que envolvem o futebol, em particular, os jogadores.

Já alguma vez recorreu aos serviços do SJPF?
Sim, quando jogava no Alverca devido a dinheiros em atraso. Mas tudo se resolveu e não foi necessário ir a tribunal.

Se pudesse o que é que mudava no futebol português?
Tentava diminuir as assimetrias que existem entre os clubes nomeadamente em termos de condições de trabalho e de orçamentos. Era importante encontrar um ponto de equilíbrio para que os ?grandes? não tivessem muito e os ?pequenos? tão pouco.