"O futebol cria muitas ilusões"

2013-11-22

Pedro Caipiro

Pedro Caipiro, lateral direito do Atlético, está a abrir portas para o futuro. Depois da licenciatura em Geografia, veio o Mestrado em Gestão de Transportes.

Onde tem feito o seu percurso académico (licenciatura e mestrado)?
Licenciei-me em Geografia e Planeamento Regional pela Universidade Nova de Lisboa e neste momento estou a terminar a tese em Gestão de Transportes e Logística pelo Instituto Superior de Gestão.

Família e clubes têm apoiado as suas opções?
Considero a família um suporte em todas as questões das nossas vidas e, no caso, sempre me apoiou nas decisões que tive de tomar até aos dias de hoje. Quanto aos clubes de futebol, tiveram, em alguns momentos, maior flexibilidade para que eu conseguisse conciliar as duas atividades. No entanto, devo ao futebol o facto de ter conseguido realizar o meu percurso académico.

Faltam medidas que apoiem a conciliação do estudo com a profissão de futebolista?
Realmente já existem medidas que visam a facilitação para conciliar as atividades. No entanto os estatutos criados, quer como trabalhador, quer como atleta profissional, requerem maior compreensão tanto da parte dos clubes, como da parte das instituições académicas.

Geografia e Gestão de Empresas sempre foram ambição?
São duas áreas de que sempre gostei, com diferenças claras mas que despertaram interesse.

O SJPF está a criar um cheque-formação para que os jogadores possam frequentar determinados cursos. O que pensa da medida?
É uma medida de louvar. É importante para qualquer cidadão o apoio para a formação e, no caso, o sindicato poder ajudar os jogadores com medidas que possibilitem aumentar a sua formação. É importante que cada um possa salvaguardar-se depois do futebol.

Um jogador com formação académica pode ser melhor em campo?
A resposta a essa pergunta é complexa. Na minha opinião depende muito de cada um e o empenho que tem em perceber as ideias do seu treinador, a sua ideia de jogo e nesse aspeto tanto poderá ser uma pessoa qualificada ou não-qualificada que possa conseguir tirar um rendimento superior em campo.

Quando terminar a carreira, ficará ligado ao futebol ou prefere seguir carreira nas áreas em que estudou?
Essa é uma questão que ainda nem sequer pensei, no entanto, gosto demasiado de futebol para deixar de ficar ligado depois de terminar a carreira. Logo se verá...

É visto pelos seus colegas como um exemplo a seguir? Aconselha-os a não abandonar os estudos?
Alguns têm essa opinião, outros nem tanto. Quando se fala com os colegas sobre formação académica tenta-se sempre a encorajar a prosseguirem os estudos.

Abandonar os estudos precocemente é uma das maiores “pragas” de quem quer ser jogador profissional?
“Praga” é a palavra certa. O futebol cria muitas ilusões, muitas promessas e, em muitos casos, leva a que se abandonem os estudos de forma precoce. É uma mentalidade de quem se entrega cedo a uma profissão e não conseguindo atingir um nível elevado no futebol fica difícil integrar-se em outras atividades precisamente pelo abandono dos estudos.

Qual a sua opinião sobre a atuação do SJPF?
O Sindicato tem dado algum apoio a atletas que tenham vontade de poder iniciar ou finalizar os seus estudos. Recordo-me da promoção que fizeram do programa das Novas Oportunidades junto dos jogadores, que permitiu a muitos colegas obter maior formação académica.