ENTREVISTAS

"Aconselho os jogadores a estudar"
André Moreira
O guarda-redes que quer ser enfermeiro.
Estuda enfermagem no Porto e vai parar este ano porque vive na Madeira, mas quer acabar o curso uma vez que pretende aliar o futebol à saúde. Até lá, André Moreira deseja evoluir e jogar no Atlético de Madrid.
Onde está a fazer o seu percurso académico?
Estou a tirar a licenciatura de enfermagem na Escola Superior de Enfermagem do Porto. Agora, na Madeira, vai ser mais complicado mas, se não for este ano, quero retomar no próximo.
Um jogador com estudos é melhor em campo?
Sem dúvida. Acho que é muito importante em termos de lucidez e de nos mantermos activos do ponto de vista intelectual.
É visto pelos colegas como um exemplo a seguir?
Não, até porque cada vez mais há jogadores que conciliam os estudos e o futebol. Mas claro que há jogadores, principalmente os mais velhos, que olham para estes casos e também gostavam de estudar e ter uma habilitação académica superior.
Nesses casos, aconselha-os a estudar?
Sem dúvida, mas as pessoas sabem que o futebol não dura para sempre e têm a consciência de que temos muito mais vantagens no pós-carreira se tivermos uma bagagem académica.
A família e os clubes apoiaram-no nos estudos?
Os clubes mostraram-se sempre disponíveis para me ajudar em tudo. Relativamente à família, apoiam-me sempre.
Em algum momento pensou desistir dos estudos?
Sim, na transição de júnior para sénior. Comecei a fazer a pré-época no Ribeirão e logo antevi que ia ser difícil conciliar porque o futebol a nível profissional pede uma outra exigência.
Abandonar os estudos cedo é uma das maiores "pragas" para quem quer ser profissional?
É possível conciliar, mas será muito difícil terminar o curso no seu tempo normal. O futebol exige muita dedicação. E não me posso queixar, porque como estou na Selecção tenho estatuto e, nesse sentido, o futebol facilita-nos muito mais as coisas.
Então não faltam apoios para estudar?
Algumas actividades não terão a mesma facilidade. Temos todo o apoio tanto ao nível futebolístico como académico. Por exemplo, podemos remarcar exames e avaliações.
Quando terminar a carreira quer ficar ligado ao futebol ou seguir a área para a qual estudou?
Quando acabar, se tudo correr bem, dediquei no mínimo 20 anos à modalidade, dificilmente estarei à vontade noutro ramo. Mas gostava de conciliar o futebol com a parte da saúde.
É vice-campeão europeu de sub-19 e esteve no Mundial de sub-20. O União é o clube certo para continuar a crescer?
Se vim é porque acho que pode ser uma mais-valia para mim, e não tenho dúvidas de que vai ser, para dar continuidade ao trabalho que tenho feito, ao Mundial, e à minha carreira.
Está emprestado pelo Atlético de Madrid. Chegou a pisar o relvado do mítico Vicente Calderón?
Sim. Estive no estádio, apesar de não ter treinado, e é cinco estrelas. Mesmo vazio, a atmosfera é impressionante.
Com que impressão ficou do clube?
É um clube de dimensão mundial, com todas as condições para que os jogadores possam concentrar-se apenas no futebol.
Ser titular do Atlético é um sonho a realizar?
Sem dúvida! Se não acreditasse que um dia pudesse chegar a esse nível não valia a pena ter assinado pelo Atlético. É um sonho que pode estar distante, mas o importante é acreditar.
O que acha da vinda de Casillas para o FC Porto?
É a prova de que o futebol português, cada vez mais, se está a assumir como uma das potências a nível europeu. Temos outros jogadores de classe mundial que optaram por vir para o nosso campeonato porque é uma boa montra a nível europeu.
Qual é a sua referência como guarda-redes?
O Neuer, por ser considerado o melhor do Mundo, mas o Courtois e o De Gea também são grandes nomes.
Qual é a sua opinião sobre a actuação do SJPF?
É uma entidade que permite aos jogadores sentirem-se mais confiantes, sentimos que não estamos sós. É uma mais-valia.