"Aconselho os jogadores a estudar"

2015-09-22

André Moreira

O guarda-redes que quer ser enfermeiro.

Estuda enfermagem no Porto e vai parar este ano porque vive na Madeira, mas quer acabar o curso uma vez que pretende aliar o futebol à saúde. Até lá, André Moreira deseja evoluir e jogar no Atlético de Madrid.

Onde está a fazer o seu percurso académico?
Estou a tirar a licenciatura de enfermagem na Escola Superior de Enfermagem do Porto. Agora, na Madeira, vai ser mais com­plicado mas, se não for este ano, quero retomar no próximo.

Um jogador com estudos é melhor em campo?
Sem dúvida. Acho que é muito importante em termos de luci­dez e de nos mantermos activos do ponto de vista intelectual.

É visto pelos colegas como um exemplo a seguir?
Não, até porque cada vez mais há jogadores que conciliam os estudos e o futebol. Mas claro que há jogadores, principalmen­te os mais velhos, que olham para estes casos e também gos­tavam de estudar e ter uma habilitação académica superior.

Nesses casos, aconselha-os a estudar?
Sem dúvida, mas as pessoas sabem que o futebol não dura para sempre e têm a consciência de que temos muito mais van­tagens no pós-carreira se tivermos uma bagagem académica.

A família e os clubes apoiaram-no nos estudos?
Os clubes mostraram-se sempre disponíveis para me ajudar em tudo. Relativamente à família, apoiam-me sempre.

Em algum momento pensou desistir dos estudos?
Sim, na transição de júnior para sénior. Comecei a fazer a pré-época no Ribeirão e logo antevi que ia ser difícil conciliar por­que o futebol a nível profissional pede uma outra exigência.

Abandonar os estudos cedo é uma das maiores "pragas" para quem quer ser profissional?
É possível conciliar, mas será muito difícil terminar o curso no seu tempo normal. O futebol exige muita dedicação. E não me posso queixar, porque como estou na Selecção tenho estatuto e, nesse sentido, o futebol facilita-nos muito mais as coisas.

Então não faltam apoios para estudar?
Algumas actividades não terão a mesma facilidade. Temos todo o apoio tanto ao nível futebolístico como académico. Por exemplo, podemos remarcar exames e avaliações.

Quando terminar a carreira quer ficar ligado ao futebol ou seguir a área para a qual estudou?
Quando acabar, se tudo correr bem, dediquei no mínimo 20 anos à modalidade, dificilmente estarei à vontade noutro ramo. Mas gostava de conciliar o futebol com a parte da saúde.

É vice-campeão europeu de sub-19 e esteve no Mundial de sub-20. O União é o clube certo para continuar a crescer?
Se vim é porque acho que pode ser uma mais-valia para mim, e não tenho dúvidas de que vai ser, para dar continuidade ao trabalho que tenho feito, ao Mundial, e à minha carreira.

Está emprestado pelo Atlético de Madrid. Chegou a pisar o relvado do mítico Vicente Calderón?
Sim. Estive no estádio, apesar de não ter treinado, e é cinco estrelas. Mesmo vazio, a atmosfera é impressionante.

Com que impressão ficou do clube?
É um clube de dimensão mundial, com todas as condições para que os jogadores possam concentrar-se apenas no futebol.

Ser titular do Atlético é um sonho a realizar?
Sem dúvida! Se não acreditasse que um dia pudesse chegar a esse nível não valia a pena ter assinado pelo Atlético. É um sonho que pode estar distante, mas o importante é acreditar.

O que acha da vinda de Casillas para o FC Porto?
É a prova de que o futebol português, cada vez mais, se está a assumir como uma das potências a nível europeu. Temos ou­tros jogadores de classe mundial que optaram por vir para o nosso campeonato porque é uma boa montra a nível europeu.

Qual é a sua referência como guarda-redes?
O Neuer, por ser considerado o melhor do Mundo, mas o Cour­tois e o De Gea também são grandes nomes.

Qual é a sua opinião sobre a actuação do SJPF?
É uma entidade que permite aos jogadores sentirem-se mais confiantes, sentimos que não estamos sós. É uma mais-valia.