ENTREVISTAS

"É muito difícil voltar à faculdade"
João Tomás
O regresso à faculdade e a aposta no ciclismo.
Destacou-se na Académica, foi goleador no Benfica de José Mourinho, é o melhor marcador da história do Rio Ave na Primeira Liga e, entre outros feitos, foi internacional AA. Agora, João Tomás voltou à faculdade e apostou a sério noutra paixão de infância: o ciclismo.
As chuteiras foram penduradas em 2013, depois de muitos golos e momentos de glória vividos no relvado. Agora tem tempo para outra paixão de infância: o ciclismo. "Sempre andei de bicicleta, mesmo quando jogava. Sempre tive a paixão de pedalar. Andava muito nas férias, até que há sete ou oito anos o meu grupo de amigos começou a treinar com mais regularidade. Começámos na brincadeira e agora vamos a provas", conta.
Terminou a carreira com 37 anos. Será que um dos segredos da longevidade foi a bicicleta? "Não podia passar a semana inteira a pedalar, a preparação não é compatível com a do futebol. Mas ajuda muito. Não é por acaso que as bicicletas estão presentes em qualquer ginásio", justifica.
No final de Setembro fez Madrid-Lisboa em três dias, por sugestão dos irmãos Nélson e Sérgio Rosado (Os Anjos). Era uma equipa de quatro elementos, que se iam revezando, e tinham 55 horas para cumprir os 770 kms do percurso, em 10 etapas.
"Correu muito bem. Foi duro, mas muito fixe. A única altura em que estivemos juntos dos Anjos foi na partida!", brinca.
A bicicleta é uma paixão de infância, mas o futebol foi sempre a prioridade
Sempre acompanhou as principais provas do ciclismo, principalmente a Volta a França. "Vi sempre, desde garoto. Nos anos em que ganhava o Lance Armstrong acompanhava mesmo a sério", partilha. Com tanta dedicação, quisemos saber se alguma vez teve dúvidas entre o futebol e o ciclismo, mas a resposta foi taxativa: "Não, nem pensar nisso. A bicicleta é um fascínio que sempre tive e que tenho, mas longe de mim alguma vez pensar em trocar. Sempre preferi correr a pedalar."
A maior distância que percorreu foram 170 kms. O tempo é que varia muito: se for na zona de Aveiro, que conhece bem, pode fazer 140 kms em menos de cinco horas. "Uma vez cometi a loucura de sair de Oliveira do Bairro e ir à Covilhã sozinho. Fiz uns 160 kms numas oito horas. Mas isso foi uma paragem cerebral!", recorda, entre risos.
Começou a praticar com mais regularidade depois de vir de Angola, em 2013, onde terminou a carreira ao serviço do Recreativo do Libolo. "Participei em todas as provas de Grande Fundo e Sky Road, e pelo meio fiz umas provas de BTT. Entretanto voltei à faculdade e só andava ao fim-de-semana", lembra.
Está a tirar a licenciatura em Desporto e Lazer, em Melgaço e a gostar da experiência. "Estou muito feliz. É muito difícil dar o passo de voltar à faculdade passados 20 anos. Tive de voltar a estudar muito, fazer cadeiras como Anatomia e Fisiologia... Não foi fácil, mas já terminei o primeiro ano."
Apesar de um horário tão preenchido, o futebol nunca foi posto de parte. "Jogo futebol de 7 todas as semanas com o Wender, o Castanheira, o Hugo, e malta que fez a formação no Sp. Braga, menos conhecida. Uma horinha, sempre ali a dar o litro."