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“Só não se inscreve num curso quem não quer”
Capela, jogador do Famalicão, concluiu uma licenciatura em farmácia.
O médio do Famalicão concluiu uma licenciatura em farmácia em 2011 e sublinha a importância que o Sindicato tem para que os jogadores possam conciliar o futebol com os estudos.
Licenciaste-te em Ciências Farmacêuticas. O que te motivou a escolher esta área?
Já terminei a licenciatura em farmácia em 2011. O que me motivou a tirar um curso superior foi a convicção de que ficaria melhor preparado para o futuro e escolhi este curso porque achava super interessante, entre muitas coisas, por todo o percurso e interação que um fármaco pode ter no nosso corpo e porque, de certa forma, ia gostar do que ia fazer depois de me formar.
Alguns jogadores estudantes também estão a tirar o curso de treinador. É o teu caso?
Sim, é verdade que isso acontece, mas não é o meu caso.
Ponderas fazê-lo ou não sentes o apelo para treinar?
É normal que possa surgir essa ideia pelo facto de vivermos futebol todos os dias, mas a mim fascina-me mais a preparação/recuperação física.
Faltam medidas que apoiem a conciliação dos estudos com a profissão de futebolista?
Neste momento já existem muitos apoios a esse nível. O Sindicato é o maior exemplo disso para o jogador de futebol, a forma como tudo está pensado para ser conciliado com o futebol. Só não se inscreve num curso quem não quer.
A família e os clubes apoiaram-te sempre relativamente aos estudos?
Em ambos tive muito apoio, mas principalmente familiar. Sempre foi um desejo dos meus pais verem-me formado e incutiam-me isso sempre como uma prioridade.
Sentes que és visto pelos colegas de equipa como um exemplo a seguir?
Sim, tenho um feedback muito positivo acerca disso, não só por parte dos jogadores, mas de toda a gente que se cruza comigo e surge esse assunto. Por parte dos jogadores percebe-se uma vontade e uma preocupação clara em preparar o futuro.
E os teus colegas de curso olhavam para ti com admiração por seres jogador profissional?
Na época em que estava a tirar o curso não era ainda jogador profissional, tinha apenas umas pequenas aparições quando defrontava equipas profissionais em competições como a Taça de Portugal, portanto não havia grande entusiasmo por parte dos meus colegas de curso.
Aconselhas os colegas, principalmente os mais novos, a não abandonarem os estudos?
Sem dúvida alguma que a ideia que eu passo é a mesma que os meus pais me passavam a mim, da importância de nos prepararmos para o futuro. E não o digo só aos mais novos porque nunca é tarde para aprender e, nem que não tenhamos certezas sobre a escolha do curso a seguir, estudar será sempre enriquecedor, qualquer coisa que seja.
Sabes se há mais jogadores do Famalicão a estudar?
Sei que existem alguns com licenciaturas, como é o caso do Hugo, que tem licenciatura em Desporto, e penso que neste momento não há mais ninguém licenciado. Que eu tenha conhecimento não existe mais ninguém a estudar, mas há quem pondere fazê-lo no futuro.
Abandonar os estudos precocemente é uma das maiores “pragas” para quem quer ser jogador profissional?
Depende sempre daquilo que é prioridade para cada um de nós. Na minha forma de ver, concordo que abandonar os estudos é um erro muito grande porque, além da importância que têm na nossa preparação, formação e crescimento a vários níveis, o futebol não pode ser desculpa para esse abandono. Já estão criadas estratégias para que essa conciliação seja possível sem que uma tenha implicações negativas na outra.
Um jogador com formação académica pode ser melhor em campo?
Penso que sim. Além de todas as qualidades técnicas que um jogador pode ter, há a importância da parte intelectual, onde estará hoje o jogador mais bem preparado para a forma como se trabalha o futebol quanto melhor for o seu grau académico. Além de um jogador ter de ser um bom executante técnico, tem de ser inteligente. Há muita informação a receber, armazenar e pôr em prática diariamente, treino a treino para cada jogo.
Qual é a tua opinião sobre a atuação do Sindicato no futebol português?
Para lá da enorme importância que tem para o futebol, é essencial para o jogador não só na forma como o acompanha e apoia sempre que necessita, como também se preocupa com o futuro pós-futebol de cada um.
Perfil
Nome: Fernando Jorge Barbosa Martins (Capela)
Data de nascimento: 28 de janeiro de 1986
Posição: Médio
Percurso como jogador: Arouca (formação), Arouca, Milheiroense, Leixões, Oliveirense, Académico de Viseu, Penafiel, Bravos do Maquis (Angola), Académico de Viseu e Famalicão.